Morreu hoje Palma Inácio.
Recordo-me de Palma Inácio não tanto pelo assalto ao Banco de Portugal na Figueira da Foz (17 de Maio de 1967) golpe espectacular que abalou o regime salazarista, mas sim daquela manhã de 10 de Novembro de 1961.
Preparava-me para ir para a escola, frequentava a terceira classe, o mata-bicho como então se dizia era (quase) sempre pão (casqueiro) na maioria das vezes sem conduto e uma caneca de café de cevada (era mais barato que o café), saía de casa pelas oito e meia da manhã, ia a pé para a escola que começava às nove.
Pelo caminho “apanhava” o Chico, o Luís e o Finas, este sempre dorminhoco e do mais preguiçoso que conheci. Ia-mos fazendo as nossas traquinices próprias da idade e da irreverência que ainda nos caracteriza, pois ainda hoje vivemos próximo uns dos outros e encontramo-nos quase diariamente.
Naquele dia a manhã foi diferente, sem saber muito bem o que era, vimos milhares de papéis brancos a esvoaçar pelo ar, homens e mulheres sem saberem também de que se tratava, apanhavam-nos e liam-nos, eu apanhei uns dois ou três, li e escondi-os na mala. Vários amigos da escola também apanharam alguns, uns ficaram com eles, outros entregaram-nos ao professor.
Na chegada à escola os professores fizeram-nos entregar os panfletos, alguns (eu incluído) só entreguei um, ficando com dois em meu poder.
Chegado a casa para almoçar, o meu pai perguntou-me se tinha apanhado algum papel, disse-lhe que sim, então esconde-o bem escondido que um dia destes explico-te o que quer dizer.
Dias depois, fui pela primeira vez a uma reunião clandestina na companhia de meu pai, foi ai que começou a minha consciencialização política, foi talvez o primeiro dia do resto da minha vida de revolucionário.
Hoje, em jeito de homenagem a Palma Inácio aqui deixo este pequeno episódio da minha infância.
Até sempre Palma Inácio
Recordo-me de Palma Inácio não tanto pelo assalto ao Banco de Portugal na Figueira da Foz (17 de Maio de 1967) golpe espectacular que abalou o regime salazarista, mas sim daquela manhã de 10 de Novembro de 1961.
Preparava-me para ir para a escola, frequentava a terceira classe, o mata-bicho como então se dizia era (quase) sempre pão (casqueiro) na maioria das vezes sem conduto e uma caneca de café de cevada (era mais barato que o café), saía de casa pelas oito e meia da manhã, ia a pé para a escola que começava às nove.
Pelo caminho “apanhava” o Chico, o Luís e o Finas, este sempre dorminhoco e do mais preguiçoso que conheci. Ia-mos fazendo as nossas traquinices próprias da idade e da irreverência que ainda nos caracteriza, pois ainda hoje vivemos próximo uns dos outros e encontramo-nos quase diariamente.
Naquele dia a manhã foi diferente, sem saber muito bem o que era, vimos milhares de papéis brancos a esvoaçar pelo ar, homens e mulheres sem saberem também de que se tratava, apanhavam-nos e liam-nos, eu apanhei uns dois ou três, li e escondi-os na mala. Vários amigos da escola também apanharam alguns, uns ficaram com eles, outros entregaram-nos ao professor.
Na chegada à escola os professores fizeram-nos entregar os panfletos, alguns (eu incluído) só entreguei um, ficando com dois em meu poder.
Chegado a casa para almoçar, o meu pai perguntou-me se tinha apanhado algum papel, disse-lhe que sim, então esconde-o bem escondido que um dia destes explico-te o que quer dizer.
Dias depois, fui pela primeira vez a uma reunião clandestina na companhia de meu pai, foi ai que começou a minha consciencialização política, foi talvez o primeiro dia do resto da minha vida de revolucionário.
Hoje, em jeito de homenagem a Palma Inácio aqui deixo este pequeno episódio da minha infância.
Até sempre Palma Inácio