17/04/09

COMO EU VIVI O 17 DE ABRIL DE 1969

Passam hoje quarenta anos sobre aquilo que foi a maior contestação de estudantes durante a ditadura. O 17 de Abril de 1969 foi o corolário lógico do que foi o Maio de 1968 em França.

Vivi intensamente este período, pois na altura era trabalhador de dia e estudante à noite, tinha na altura dezoito anos, tal como milhares de estudantes, não só universitários, mas também do ensino secundário, fizemos greve às aulas, ocupação das salas de aula e em alguns casos da própria escola, como aliás foi o caso na escola onde andava.

A repressão não tardou, a GNR cercou a escola, mantendo lá dentro os “amotinados” até que chegasse a PIDE, ao chegar, foram-nos metendo no pavilhão, dos cerca de oitenta, oito foram metidos em automóveis e levados para a António Maria Cardoso, entre estes, este vosso amigo. Lá chegados, fomos identificados e “enfiados” numa sala totalmente vazia, sem janelas, nem sequer uma latrina, balde, etc., para fazer as necessidades, só ao fim de cinco horas tivemos um a um autorização para (só) urinar ((quem tivesse vontade de cagar, cagava nas calças (palavras do pide)) . Estivemos lá três dias com interrogatórios sucessivos. Dos oito iniciais seis voltaram para suas casas, dois (eu incluído) fomos levados para Caxias onde só ao fim de setenta e três dias fomos libertados. Nunca nos deram nenhuma explicação do porquê desta detenção, só mais tarde, vim a saber, mas isso é outra história que um dia contarei.